APRENDERES-reflexões, divagações, incertezas e saberes em rede

Por: Aprenderes-Reflexões, divagações, incertezas e saber em rede.

maio 29 2013

Tags:Anelis Assumpção, Blog ESTOUSUJEITA, Poesia erótica

Categoria: Poesia, prosapoética e prosopopeias

1 comentário

homem,

sua língua musculosa, cheia de glândulas, nervos e sangue, fere e afaga.

quando sugere com palavras tolas, delicias sobre meu ser numa tentativa crua, rasa e vazia de me ter, perde a maravilhosa chance que o destino a todo tempo lhe dá de se calar. ou melhor, perde a chance de pensar. de observar. de sorver.

de me olhar nos olhos e sorrir.

por vezes, quando o destino lhe dá a chance de dizer, tudo o que eu preciso ouvir, cala-se infanto.

geme e suspira forte, como se eu fosse uma montanha russa de um belo parque de diversões a alguns quilômetros da cidade. mais uma vez, observa-se a oportunidade se esvair.

homem,

faça traduções.

me analise sintáticamente.

conjugue o verbo amar em todos os tempos.

seja o transitivo direto.

o passado mais que perfeito.

o presente do indicativo.

jogue conversa dentro.

ao pé do ouvido, sussurre doces delicias, sacanagens pertinentes, elogios sinceros.

use a língua para lamber com palavras sofisticadas e encharcar minhas partes em diversas línguas.

diversifique o vocabulário, enquanto me compreende e seque minhas lágrimas, com a sua boca cheia de silêncio.

goteje letra a letra e construa frases em latim em mim.

recite poemas com vagar (a calma é importante para a construção de uma rima rica) nos pequenos e grandes lábios

até

que

eles

falem

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